quinta-feira, 12 de abril de 2012

Qual o interesse de Deus no sofrimento do homem?



Frente à pergunta se acreditava ou não em Deus, Jung sempre se recusou a discutir sobre existência desta entidade no mundo espiritual, alegando que esta era uma questão a ser pensada pelos teólogos. Contudo, afirmava que a psique era algo real, e Deus uma realidade psíquica. Dizia também que, através dos mitos, era possível se estudar o universo psíquico, uma vez que as figuras mitológicas eram imagens arquetípicas.

No Livro de Jó, na Bíblia, podemos ler a trágica história de um homem justo e honesto, temente a Deus, que é condenado a sofrer as mais cruéis moléstias, sem nada dever, apenas para que Iahweh pudesse vencer uma aposta que fizera com seu filho Satanás. Isto é, Iahweh colocara o homem para sofrer, a fim de solucionar  um problema da esfera divina, a disputa com seu filho.

Analisando esta história em seu livroResposta a Jó”, Jung entendeu que Iahweh havia cometido uma injustiça com o homem, sendo infiel com o seu fidelíssimo Jó. Levantou então a hipótese de que Deus teria encarnado como Cristo no homem, para poder pagar a dívida que tinha com a humanidade por conta de sua injustiça, sofrendo em sua carne todos os males que fizera Jó sofrer. Isto é, que Cristo teria sido a resposta que Iahweh deu a Jó.

Esta hipótese junguiana nos leva a três conclusões:

- que Deus é um ser em evolução, capaz de errar e aprender com seus erros,
- que seu autoconhecimento se daria na medida em que Ele se contemplasse na criatura e refletisse sobre sua conduta,
- que sua evolução ocorreria através do sofrimento humano (Paixão de Jesus).

Seria então o homem o campo de estudo ético de Deus, uma parte sua, um órgão pelo qual pôde provar do fruto proibido e conhecer o seu próprio mistério? Seria o homem, a imagem e semelhança de Deus, o espelho onde Ele pode se reconhecer?

Partindo das hipóteses de Jung, nos propusemos dois desafios. Na primeira parte do livro, estudamos os complexos mitos gregos, para tentar verificar se, no antigo entendimento clássico sobre o que era o divino, as tragédias humanas também teriam alguma função para os deuses. Será que aquelas terríveis histórias de sofrimento humano, contadas pelos poetas trágicos, serviriam para purificar os deuses?

Na segunda parte do livro, nos empenhamos em seguir as angústias de Jó, para nos questionar sobre qual seria a função do Mal dentro de um monoteísmo que prega um Deus onipresente, onipotente e onisciente. Se Ele tudo pode, por que permite a existência do Mal? Enfim, qual o seu interesse no sofrimento do homem?

É assim com enorme prazer que anuncio o lançamento do Livro Grego de Jó, que está saindo na coleção junguiana da Editora Vozes. A noite de autógrafos será no dia 18 de abril de 2012, às 19:00h, na livraria Argumento do Leblon, rua Dias Ferreira 417. Sua presença será muito bem vinda.


Antonio Aranha



Amigos da Academia
O Antônio Aranha está nos convidando para o lançamento de seu livro "O Livro Grego de Jó - Qual o interesse de Deus no sofrimento do homem?" 
Local: Livraria Argumento - R. Dias Ferreira 417 -Leblon?RJ
Data e Hora: Dia 18/Abril às 19h.

2 comentários:

  1. Amigos da Academia
    Muitas pessoas podem se sentir ofendidas com a referência à evolução de Deus. Vale lembrar que o Deus Maior, a força máxima que gerou o Big-Bang (ou, para os religiosos, criou o mundo em seis dias segundo o Genesis) está muito acima do que nossa limitada racionalidade pode entender. Mesmo os teólogos, que acham que podem discutir este Deus Maior, falam sobre a imagem de Deus que carregamos em nossa psique. O que Jung enfatiza é que falamos sobre a IMAGEM DE DEUS que trazemos em nossa mente, que seria o SELF.
    Roberto Lima Netto
    Autor do "Pequeno Príncipe para Gente Grande - uma interpretação Junguiana" Ed. Best Seller 4a. edição.
    www.robertolimanetto.com.br
    amazon.com/author/rlimanetto

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